Death Note: A Suprema Caça Intelectiva no Âmbito Anime e Manga

Fonte: JBC

Seguramente, Death Note é um dos animes mais importantes, relevantes e aclamados da década de 2000 e também de todos os tempos. Envolto em uma premissa universal, ele carrega uma integridade intelectual que é mais comum em clássicos universitários como Agatha Christie do que em Mangas e Animes Shounen.

Em primeiro lugar, somos estabelecidos no cenário platônico do "Anel de Gyges" - em um discurso na República de Platão. Depois, vemos que a integridade da justiça mortal é questionada e sequencialmente falha pela capacidade pecaminosa e finita do homem em seu profundo senso de orgulho e justiça própria. O protagonista Light, no que lhe concerne, é a encarnação desse discurso. A princípio, um homem que parecia perfeito, mas corrompeu-se na obsessão pela noção de tornar-se um deus.  No início, suas intenções são decentes: estupradores, molestadores de crianças e assassinos em série, por exemplo. No entanto, como a história provou repetidamente, colocar tal poder nas mãos de um mortal, culminará invariavelmente na própria deturpação moral e psicológica.

Ainda que seja um enredo cativante, são os personagens que obstruem a missão de Light que aumentam o calibre da série para um clássico instantâneo. No topo, temos um personagem que está além de qualquer descrição, L. Um gênio sombrio, misterioso, mas um tanto excêntrico e o único que pode rivalizar de igual para igual com Light. O jogo de poder entre esses dois é atraente, fascinante e por vezes faz-nos rir (não pela comédia), além de manter-nos fixos a cada quadro, observando todos os detalhes e tentando antecipar o próximo movimento dos jogadores. Por outro lado, entretanto igualmente arrebatadora, a trágica Misa é outra dona de um Death Note,  ao qual torna-se pateticamente apaixonada e obediente a Light, ao passo que ameça sua imunidade à força-tarefa que o rastreia.

Em relação ao conteúdo, é possível traçar um paralelo com Code Geass: Lelouch of the Rebellion. Isto, pois Death Note investiga o mesmo tema central com uma abordagem dessemelhante - "É justificável purgar o pecado com o pecado?". Enquanto Code Geass salienta dois amigos de infância, Lelouch e Sazaku, travando guerras ferozes de extremidades opostas de um espectro deste argumento. Death Note retrata dois estrategistas geniais, Light e L (subsequentemente N), olhando fixamente um para o outro de extremidades opostas o mesmo espectro e jurando xeque-mate a pessoa que está do outro lado da maneira mais inteligente e cautelosa possível. 

Decerto, Death Note ultrapassou todos os seus contemporâneos na temática de Shinigami, tanto no mundo dos animes quanto no dos mangas. Ao contrário de seus concorrentes, Death Note explora um enredo profundamente psicológico e um dilema ético altamente questionável de uma forma sombria. Por exemplo, a história começa de forma interessante com um objeto de morte nunca ouvido no mundo humano, e o enredo dark desenrola-se em lentidão a medida que as regras do caderno se revelam. No momento certo, a trama expande-se e toma uma direção ainda mais instigante com o aparecimento do L, Amane Misa, Rem e N - verdadeiros bloqueios no plano perfeito de Light. Outrossim, a morte de L e a subsequente busca de Light por Near engrossam sumariamente a estória, mantendo os telespectadores absortos no enredo até o final. Em sinceridade, nenhum episódio passou sem eu ter uma leve descarga de adrenalina, imerso na intriga.

Por outro lado, a qualidade geral da animação não me decepcionou porque a staff é divina quando tem que ser ou mais do que comptente na maior parte do tempo. Verdade seja dita, os artistas por trás dos gráficos do anime se saírem bem em retratar os personagems de uma forma tão realista para revelar sua verdadeira natureza e inteções. Fiel a trama psicológico sombria, os personagens do anime são concebidos com um toque de seriedade e uma sombra de escuridão à sua volta, trazendo a tona o clima e a impressão  que o enredo prentende tramistir e transmite. Sem dúvida, em um tema tão pesado é valido retratar partes do corpo de forma exagerada e olhos excessivamente lacrimejantes. As equipes por trás da trilha sonora e composição musical também merecem elogios, já que são eles que ditam o clima geral da história, aprimorando-a com as músicas "dark" incorporadas nas muitas cenas de suspense e eventos intrigantes.

É evidente, portanto, que não considerar assistir esta obra-prime é uma grande estupidez e eu fui o maior de todos por demorar tanto tempo para la apreciar.

NOTA: ★ ★ ★ ★ ★

© 大場つぐみ (著), 小畑健 (著) / SHUEISHA 集英社