Don't Toy with Me, Miss Nagatoro (Ijiranaide, Nagatoro-san)

Fonte: Kodashan

A tarde está linda do lado de fora (e bem desenhada também), mas o menino de óculos tímido, nervoso e sem nome está caminhando diretamente para a biblioteca da escola. Infelizmente, hoje há algumas garotas do primeiro ano no seu esconderijo, conversando muito muito alto (Frequentadores de bibliotecas estão familiarizados com a experiência). Nosso garoto não é do tipo que defende seu espaço secreto. Pelo contrário, senta-se no canto para fazer seu trabalho de casa, olhando sorrateiramente para os seres míticos e terríveis a sua frente, garotas.

Em um certo momento, seus desenhos de manga caem de sua bolsa e vemos desenhos de uma amazona e um cavaleiro lutando contra um lorde demônio, e se aproximando emocionalmente. As garotas pegam os desenhos, olham, riem alto e saem da biblioteca. Mas uma delas, "miss" Nagatoro-san, fica para trás. Divertindo-se com as reações dele, ela começa a flertar fazendo uma carinha de demônio (ou talvez foi comovida pelo "Eu lhe protegerei" dito pelo cavaleiro no manga), o flete dela é genuíno, e ele protagonista está tão temeroso que distorce o que está lhe acontecendo.

Nagatoro quer aproveitar-se ao máximo do Senpai introvertido. Ainda na biblioteca, ela pede que ele encene a situação do manga. Ele não consegue fazer. Um pouco mais de provocação e ele chora. No dia posterior, ela o visita na sala de arte, desafiando-o a desenha-la e depois o acompanha no caminho de casa, sempre muito irritante e bolinando o nosso Nerd. Logo aprendemos que ele está traumatizado com eventos de ‘bullying’ que sofreu e passou a esconder-se debaixo do cobertor. E a forma que Nagatoro-san zomba dele, o jeito violento de flertar, pode significar que ela é como todos os outros que fizeram da vida dele um inferno... ou talvez não.

Foram longe demais, Nagatoro-san e o show. O estudante traumatizado, nervoso e sem nome cômedo de garotas, artístico e inseguro, é magistralmente representado. A arte é boa. Dá para ver o trauma lá o tempo inteiro, tão claro quanto os rostos sem expressão que a garota enxerga em A Silent Voice - Aqui, os olhos não são mostrados quando o protagonista sente-se ameaçado -. Na primeira aparição de Nagatoro, por exemplo, e também no primeiro contato dele com todos ao seu redor. Desde a primeira interação é evidente que Nagatoro-san quer tirar o senpai do inferno enjaulado que meteram ele, ela vê potencial nele e tem um interesse genuíno nele, apesar da imaturidade e fraquezas. 

Teasing Master Takagi-san, é um bom show de 2018, com uma premissa similar a que estamos vendo aqui, mas tinha um senso de inocência, jogo limpo e delicadeza que está faltando em  Don't Toy with Me, Miss Nagatoro. Ela é bastante sexualizada, bem mais que Takagi (e a prévia do próximo episódio aponta um futuro bem pior), e o comportamento dela vai ir além de zombaria e provocação.Ademais, ela humilha ele, zomba, rebaixa e entrega seu flert como uma piada, que ele pensa ser natural devido a sua baixa auto-estima. Na verdade, Hayase faz isso para esconder sua atração, garantida, mas ainda doí demasiadamente no garoto. 

A princípio, pensei que  talvez a distorção nas cenas do protagonista fossem muito boas e o comportamento dela não deveria ser tomado literalmente, a título de exemplo as carinhas de demônio, mas não é bem assim. Quando o cara traumatizado, na sua maneira abertamente formal, fala para Nagatoro que o comportamento dela o incomoda, mas ele está  disposto a aceitar, mas não tanto quanto a dos outros agressores, fiquei preocupado e ofendido. Apesar disso, vou fazer o teste dos 3 episódios e talvez lance uma crítica se conseguir chegar ao final da história.

No Ocidente o anime está disponível oficialmente pela Crunchyroll.

Nota : ★ ★ ½