Saga East Blue: Crítica 4 Baratie

Fonte: one-piece | fandom

A partir desse ponto vou assumir que você tenha lido minhas análises anteriores, por isso vou pular alguns aspectos sobre os quais normalmente falaria.

No novo arco, "Baratie", os Chapéus de Palha estão em busca de um cozinheiro para ajuda-los em seu caminho e com isso temos a introdução de um novo personagem principal, Sanji. Antes desse arco, One Piece estava um tanto quanto leve. Por mais que houvesse planos para matar pessoas, crianças cujos pais morreram ou abandonaram, os temas e narrativas ainda não foram tratados com tanta carga emocional. Isto dito, vale lembrar que um dos aspectos que definem todos os membros do bando do Luffy é que todos têm uma história trágica. Luffy consegue aproveitar todos os momentos e ser bastante feliz, Zoro é ressentido, pois, perdeu um amigo, todavia não é uma grande tragédia e o Usopp lida bem com seus dilemas relacionados ao Pai e Mãe. Mas o passado do Sanji é diferente.

A formação de base de Sanji é a mais dolorida que tivemos até este ponto da trama. Em suma, ele naufragou com o cozinheiro pirata Zeff em uma pequena pedra, onde ficaram encalhados por meses. Com dois sacos em mão, Zeff pegou um dos casos e deu a Sanji. Eles ficaram em lados opostos da rocha sem se falar de 2 a 3 meses. Após ficar sem comida Sanji tenta roubar o saco de comida do pirata, entretanto descobre ser uma bolsa cheia de ouro e que para sobreviver o cozinheiro pirata comeu sua própria perna. Felizmente, conseguiram sair de lá e no arco estão trabalhando a vários anos em um barco que pagaram com aquele ouro e usando-o como um restaurante. Sanji está no meu top 5 personagens favoritos de One Piece. Mantendo o tema dos demais integrantes, seu objetivo é simples: ser um grande cozinheiro e encontrar o "All Blue", um lugar mítico onde todos os mares originam-se e onde pode-se encontrar todas as categorias de peixes dos mares. 

Colocando o Sanji de lado por um momento, o Baratie é o arco mais longo até agora, por isso consegue desenvolver melhor seus personagens e o próprio universo. Aqui aprendemos que existem efetivamente quatro mares (East Blue, West Blue, North Blue e South Blue), temos um vislumbre dos horrores que existem dentro da Grand line, bem como o tipo de pessoas que a frequentam. Para mais, vemos a distância de poder entre o habilidoso combate dos Mugiwaras, Zoro, e o maior espadachim do mundo, Dracule Mihawk, olhos de falcão. O próprio Luffy cresce como personagem, porque pela primeira vez visualizamos sua reação em uma luta desfavorável ao protagonista e ele é muito badass no seu próprio estilo destemido. Por fim, a luta entre ele e Don Krieg estabelece que, nesse mundo, as Akuma no Mi não são o core das batalhas, é preciso estratégia, coragem e uma pitada de insanidade.

De volta ao Sanji, curto todas as nuances de seu personagem. Quando está trabalhando nesse restaurante tende a ser exagerado com outros cozinheiros, gritando com eles, contudo a raiva que ele demonstra ao ver pessoas desperdiçando sua comida pode desaparecer pela empolgação infantil que sente ao falar sobre o seu sonho, o All Blue. Este personagem até esse arco foi o que mais teve riqueza de detalhes em sua personalidade, e cada um deles lhe parece natural.

O arco também faz um ótimo trabalho equilibrando momentos de humor e ação sem prejudicar o impacto do que está acontecendo. A luta Luffy e o Almirante de frota pirata Don Krieg "O demônio", é a mais bem coreografa do show até agora. Esse combate é incrível porque ver o Luffy em uma batalha difícil melhora ainda mais a imagem que temos dele, e devido a sua personalidade e como ele é simpático, vê-lo superar esse desafio é demasiado satisfatório.  O outro ponto importante nesse embate é a duração, por mais que as lutas de Zoro sejam boas, elas terminaram muito rápido nos arcos anteriores e aqui temos um senhor confronto com muitos movimentos acontecendo. Tal qual zoro, Sanji fica ainda mais legal ao assumir seu estilo de luta único e inovador, recusando-se a usar as mãos e atacando apenas com os pes com chutes rápidos e fortes.

Além do que já foi dito, existem várias outras coisas boas/emocionantes nesse arco. A "luta" de Zoro e Mihawk e a promessa de nunca perder uma luta novamente, Luffy pulando de um pedaço de madeira flutuante em outro para lutar contra Kreig e socando a lança que explode e o escudo de espinhos é do "caralho" e ainda temos a Nami traindo os Mugiwaras, o Sanji se despedindo de Zeff e cia e vários outros momentos. Mesmo com tantos ápices, o Don kreig é o ponto-chave. O pirata mais poderoso do East Blue com uma frota de 50 navios e 5 mil homens foram para a Grand Line e perderam quase tudo em 5 dias para um único homem, Mihawk Takame. Sua perda dá o tom de horror e medo que essa linha mística com a qual os Chapéus de palha sonharam por tantos capítulos precisava. Mesmo assim, Luffy sorriu diante do perigo e pudemos ver o personagem infantil, aventureiro e animado manter a essência que muitos se apaixonaram em condições críticas.

Embora eu já estivesse gostando do anime, foi o arco do Baratie que me engajou e me fez sentir um fã. Definitivamente recomendo que continuem assistindo/lendo essa obra, porque a promessa é muito boa.

Nota: ★ ★ ★★