Army of the Dead: O "Descontraído" Retorno de Snyder ao Gênero Zumbi

Após um surto de zumbis em Las Vegas, um grupo de mercenários se aventura em uma zona de quarentena para tentar realizar o maior assalto de todos os tempos

Fonte: Netflix

A poucos dias faleceu, o absoluto visionário do gênero zumbi, George Romero (Land of the Dead, Dawn of the Dead, Day of the Dead, Night of the Living Dead, Survival of the Dead). Por causa dele, os zumbis tem dominado a cultura pop com produções como Game of Thrones e The Walking Dead, mas a um nome que bebeu dessa fonte como poucos, Zack Snyder. Zack estreou na direção com o remake de Dawn of the Dead que tornou-se para muitos o melhor filme de zumbis já feito. 

Em 2021, Snyde retorna ao gênero lançando toda uma franquia pela Netflix a partir de seu novo filme Army of the Dead. Antes mesmo de lançar o primeiro projeto, a companhia já havia anunciado um anime e um derivado do filme. O prequel será dirigido e estrelado por Matthias Schweighofer (interpreta Ludwig Dieter no filme de Zack) e o roteirizado por Shay Hatten (coroteirista de John Wick 3). Já o anime, intitulado Army of the Dead: Lost Vegas, acompanhará as origens de Scott, personagem protagonista interpretado por Dave Bautista (Guardiões da Galáxia), e mostrará o início do apocalipse zumbi na cidade de Las Vegas.

Em Army of the Dead esqueceram de avisar Snyder que um thriller de assalto com zumbis não prende a atenção de ninguém. Provavelmente, mesmo que falassem, para o diretor o longa-metragem é um retorno longamente esperado às suas raízes de terror por seu exército de fãs.  A cena de abertura é um prólogo extenso que compõe o terreno para o excesso de preparação que está por vir. Bebendo das páginas de Living of the Dead de Romero, a película concentra-se em um combió que leva um zumbi da área 51 e deixou o ser escapar poque alguém estava recebendo um blowjob e, porque os policiais de elite não prestaram atenção no caminho quase deserto. Esse problema é bastante significativo a história, pois o zumbi original cria uma comunidade de zumbis alfas em torno de Las Vegas. A epidemia é contida na cidade, mas o bilionário Bly Tanaka (Hiroyuki Sanada) oferece a Scoot 50 milhões para ele roubar um cassino com sua equipe.

Chamar o filme de "filme de assalto" seria imaturo. Isto, porque Snyder passa pouquíssimo tempo no próprio roubo. Ele obviamente não está interessado nas mecânicas processuais do roubo ou nos processos necessários para  invadir um cofre supostamente inconquistável em uma cidade infestada de zumbis. Felizmente, essa decisão favorece a narrativa de ação, a medida que Scott e cia tem de eliminar zumbis errantes que aparecem periodicamente em seu caminho. Assim, dada a natureza cada vez mais mecânica empregada na narrativa, ficamos com humanos com agendas ocultas demais ou explicitas demais e o exército dos mortos sem engajamento e avanço em estória.

Da mesma forma, colocar o drama pessoal entre Scott e Kate (filha) a despeito dos tigres e zumbis é uma quebra exagerada no ritmo. As conversas relativas ao afastamento e a eventual reconciliação nunca atingem a carga emocional pretendida. Snyder, como de costume, assume que o espectador importe-se com esses personagens, porque é o comportamento esperado, apesar do roteiro de falas e interações pobres. Isso não atinge tanto Bautista e Purnell, já que entregam diálogos subfuncionais com o máximo de comprometimento e convicção, mesmo enfrentando o desinteresse de Zack por emoções humanas genuínas. Isto, pois, ao que tudo indica Snyder aparenta ter dirigido os atores por video call, considerando a falta de dimensionalidade dos personagens.

Do outro lado, o exército dos mortos soa vazio em "fascínio moral" e motivo de existir. Por exemplo, a equipe de Scott não demonstra nenhum necessariedade da missão, os personagens são quase todos descartáveis. Em configurações de Zumbi, espera-se um show de horror, porém aqui, parece que estamos segurando um playstation 2 e passando pelos níveis de um videogame. Consequentemente, Nem para causar terror, nem para instigar raciocínios morais servem os zumbis.

Apesar de tudo, Army of the Dead, entrega algumas cenas isoladas espetaculares com regularidade e metronomizas pelo registro Snyder. Para alguns pode ser um filme suficientemente bom, em termos de streaming, para outros é um belo filme seção da tarde.

NOTA: ★ ★ ★

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